domingo, 29 de novembro de 2015

Será que os terroristas são muçulmanos ?

A resposta é um inquívoco, rotundo e sólido sim. Porque primeiro, eles se definem assim. Segundo porque o Islão não é um bloco homogéneo, e existem diferentes prácticas (sunitas, shiitas, sufis, etc..). Terceiro porque o Islão não é uma religião de paz, no sentido em que os seus praticantes são pacifistas empedernidos que não fazem mal a uma mosca.

A pergunta que se coloca agora é porque é que o Islão tem o quase monopólio da produção do terrorismo. Mais abaixo, e de forma muito atabalhoada, tentei uma resposta que resumidamente se traduz nisto. Boa parte da história original do Islão, e para os fanáticos portanto o Islão na sua forma mais pura porque mais perto da fonte, é violenta.  Os tipos e tipas que se deixam seduzir pelo terrorismo encontram no Islão a justificação para o nihilismo que seguem. Não fosse o Islão, e eu estou convencido que este tipos e tipas se dedicariam ao roubo, à prostituição, ao tráfico e, os mais extroviados d'entre eles, o assassínio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Renovada genoflexão ao Edward Said

Sendo certo que discordo em alguns pontos do cavalheiro acima retratado, estou em crer que acertou na mouche quando afirma que os orientalistas (um termo perjorativo para Edward Said) vêem no Oriente uma reflexão dos seus desejos e medos mais intímos.

Se nos séculos XIX e XX, eram europeus letrados que iam em peregrinação pelo Oriente à procura de si mesmos, agora são jovens muçulmanos nascidos e educados na Europa a procurar no Oriente a resposta às suas inquetações espirituais.

Religiões de paz

Fraternização inter-religiosa de Bordeaux (c 732), com os muçulmanos a explicarem que o Islão é uma religião de paz, a um grupo de gauleses cristãos decididamente insensíveis a subtilezas teológicas. Uns quilómetros mais acima foi a vez dos cristãos explicarem que de paz percebem eles.

Hoje na TV belga, o coordenador europeu contra o terrorismo afirmou, com a calma de quem pede um pires de tremoços, que estimava em 100 mil os cidadãos europeus que decidiram ir em excursão atè a Síria. E que cerca de um terço infelizmente (o advérbio é meu) voltou.

Para as almas mais sensíveis volto a insistir que a violência vêm em várias cores. Temos, por exemplo, o mui católico Ruwanda conseguiu eliminar À katanada, cerca de 800 mil (!) almas em menos de dois meses. Ou a profundamente protestante alemanhã que reduziu a cinzas cerca de 6 milhões de humanos.

Compare-se agora com os atentados de Boston, que mataram três (sim três) pessoas e feriram com mais ou menos gravidade outras 246. Irrelevante no que toca à quantidade, eu quero antes me focar na qualidade. Os irmãos Tsarnaev fizeram pelo menos 17 mil quilómetros (ida e volta entre Boston e Grozni) com o objectivo final de matar pessoas que, provavelmente na sua imensa maioria, não sabem sequer pronunciar Chechénia.

Ou seja, a violência dos terroristas islâmicos não é contra os vizinhos (como no Ruwanda) mas sim contra uma categoria: todos os que não são como nós. Tal como os Nazis fizeram nos anos 30 e 40, por exemplo. E os bolcheviques e mencheviques antes deles.

domingo, 22 de novembro de 2015

Profunda vénia ao Edward Said, seguida de uma oferta de explicação para os tempos que vós acompanhais pela televisão e eu tenho a felicidade de assistir quase em directo. No momento em que vos escrevo, estão a occorrer várias operações policiais, duas delas a menos de 3 km da minha excelsa pessoa e as sirenes são audíveis. Mas está tudo bem, o Islam marcou e o Sporting ganhou.

Tal como o Edward Said, eu não acredito que o que se está a passar actualmente seja um confronto civilizacional. Não me interpretem mal, a Europa e o Médio Oriente são como o dia e a noite e se (actualmente) vivem lado a lado é devido a meras contigências geográficas e históricas. Pese embora representantes das supracitadas civilizações, EUA e agora a França de um lado e o Daesh do outro, andarem a trocar mimos entre eles não deixa de ser verdade que na Síria o Daesh está a levar com a Rússia (civilização ortodoxa com sabor a comunismo e temperada com pós de KGB), o Bashar (nationalismo arábico sabor a comunismo requentado) e outros ramos do Islão que agora não me lembro. A situação é portanto mais complexa do que aparenta, e portanto deixemos o mundo de faz de conta para o Costa, Centeno e associados.

O problema com o Huntigton é que está meio certo, não acertando no alvo também não o falha completamente e isso é quanto basta para que os comentadeiros se sintam confiantes em desfilar ignorância pela tv, rádio e jornais. Pior ainda no caso de quem, como este vosso criado, efectivamente leu o "Confronto de Civilizações". O Huntington fornece uma teoria, e as ferramentas, para a trabalhar. E como o homem falha o alvo por pouco, é extremamente sedutor alinhar pela melodia do confronto de civilizações.

Olhando para o desperdício de ribossoma e demais ácidos nucleicos que andaram por Paris a espalhar destruição, constato que se trata de indivídios (passe o abuso de linguagem) com vidas profundamente antisociais. Até terem encontrado o caminho para a Síria, um dia bom consistia em foder, ganzar e beber. Chegados à Síria, continuaram como dantes mas de kalash nas mãos. Estou em crer que em condições normais, estes tipos acabavam ou presos por tráfico e roubo ou com vários tiros no lombo, cortesia do gangue rival.

E o que são condições normais ? Demos um salto até ao Brasil. Nas favelas do Rio e São Paulo, decorre uma guerra urbana entre traficantes e polícia. Estou em creer que os tipos de Molenbeek, nunca teriam encontrado o caminho para a Síria se tivessem nascido no mui cristão Brasil. Porque para a vida de miséria espiritual e material, que os tipos levavam aqui em Molenbeek e noutros quartiers de Paris, o escape social devidamente sancionado no Brasil é a criminalidade e a violência com a bófia.

Trazidos de volta a Bruxelas e Paris, podemos constatar que uma não desprezável parte da população atrás das grades são exactamente magrebinos. Dito de outra forma, a criminalidade como a válvula de escape existe por cá também. Então porque é que os tipos fizeram a merda que fizeram ?

Aqui chegados é altura de jogar a manilha de trunfo, que tínhamos guardada. Eu estou convencido que o Islão facilita e justifica a via da violência como meio de afirmaçao, e controlo territorial, de um grupo. Olhando para os tempos iniciais do Islão, vemos um pequeno grupo a tentar sobreviver num meio que lhe é hostil, matando e roubando sempre que necessário. A identificação que um terrorista fará entre a sua vida e a do profeta, parece-me fácil de fazer. Aliás, a biografia que Lawrence Wright faz de Zawahiri e Bin Laden é disso exemplo. Os tipos passaram as passas do Algarve, e muitas vezes quase tudo parecia perdido. Penso que se viam como encarnando uma versão moderna do profeta, e a forma quase miraculosa como foram escapando com vida das várias encrencas em que se meteram, apenas reforçou a esta crença.

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O irmão do Salah Abdeslam foi hoje entrevistado pela televisão belga. Prefere que o irmão seja preso antes que morto. Eu também. Já chega de morte.

Tempo de reflexão

Um comentário típico dos muçulmanos tem sido que os fascínoras de Paris (e Síria, e Nigéria, e Mali, e Afeganistão, e etc...) não são muçulmanos porque bebem, fumam e não vão à mesquita. Curiosamente ausente da lista de coisas que os muçulmanos não fazem está o matar gente indiscriminadamente.

sábado, 21 de novembro de 2015

Sobre as reacções

A reacção quase unâmine das pessoas que conheciam os terroristas, foi de espanto e incredulidade. Eram todos bons rapazes, não se percebe como e porque é que fizeram o que fizeram.

O tom dissonante é em relação à moça que se fez explodir, sobre a qual disseram o que Maomé não disse do toucinho. Não deixa de ter a sua piada. Eles bons rapazes, ela uma putéfia.

Uma outra reacção típica, no sentido Newtoniano, foi a de classificar os bairros onde viviam os tipos como sendo lugares aprazíveis, onde podemos sem qualquer problema, deixar a carteira e o telemóveis bem visíveis dentro do carro destrancado.

A última reacção que se costuma ver, classifico-a como "os muçulmanos com quem eu me dou são todos tipos simpáticos". Como é óbvio, porque se não fossem tipos fixolas não estariam no vosso círculo de amigos.


Cuidado com as falácias

Antes de tentar responder à pergunta aqui por debaixo, duas pequenas notas sobre esta discussão.

Aqui compara-se Jesus e Buda a Maomé. Indirectamente, está certo, mas a comparação está lá. Buda desconheço, mas Jesus é (para os cristãos) Deus encarnado enquanto que Maomé e Jesus são (para os muçulmanos) profetas.É natural portanto que a relação do cristianismo, nas suas várias formas, com Jesus seja distincto da relação dos muçulmanos, mas suas várias formas, com Maomé.

Termino com uma chamada de atenção para o facto de o catolicismo ter em tempos bem recentes, sujado as mãos q.b. no Ruwanda ou na Bósnia. Não pretendo com isto nivelar o campo moral, apenas sim chamar a atenção para os diferentes tipos de violência que estão em jogo. No Ruwanda, por exemplo, foi todo um grupo que se dedicou, com brio e afinco, a chacinar outro. O Daesh, tal como o Boko Haram ou a Al-Quaeda, têm como objectivo o controlo territorial e a legitimação internacional desse controlo.



Pergunta

Um dos argumentos mais ouvidos sempre que um muçulmano se explode após ter morto uma mão cheia de inocentes, é que ser muçulmano não é ser terrorista.

Pois bem, seja. O que distingue então os muçulmanos dos tipos por detrás das carnificinas de Paris, Síria, Boston, Nova Yorque, Madrid e Londres (concentrando-me apenas e só no presente milénio) ?

sábado, 14 de novembro de 2015

Paris 13Nov15

Show me just what Muhammad brought that was new and there you will find things only evil and inhuman, such as his command to spread by the sword the faith he preached.

God is not pleased by blood – and not acting reasonably is contrary to God's nature. Faith is born of the soul, not the body. Whoever would lead someone to faith needs the ability to speak well and to reason properly, without violence and threats... To convince a reasonable soul, one does not need a strong arm, or weapons of any kind, or any other means of threatening a person with death...

Manuel Paleólogo


Estou a braços com uma dissonância cognitiva. Eu sei que os muçulmanos são pessoas como eu. Mas pessoas como eu não andam a matar pessoas como eu. Portanto, será que os muçulmanos são pessoas como eu ?